sábado, 25 de dezembro de 2010

Textos de memórias - Feitos pelos meus alunos

Olá! Sejam bem vindos.
Depois de algum tempo afastada dessas páginas, por motivos superiores, retomo com novas publicações. Dessa vez trago aos meus leitores alguns textos de memórias feitos por alunos do ensino fundamental da E. M. Jarbas Passarinho da cidade de Pureza, por sinal, meus alunos. Os textos mostram fatos que marcaram a vida de algumas pessoas aqui do lugar, em algum tempo de suas vidas. Tais textos apresentam histórias interessantes e variadas. Apreciem e se possível deixe o seu comentário.

O dia que eu morri
E o que é a vida? Comparo-a com uma luz que pode apagar-se a qualquer momento.
Estava todos os dias de bem com a vida, nunca tinha um dia ruim para mim, sempre brincando com os meus amigos. Eu estava sempre ali para quando alguém precisasse de mim.
E um dia estava eu em minha casa quando veio um amigo meu e me chamou para ir ao aniversário dele, lá no mercado da carne. Fui. Chegando lá comecei a beber, e todos meus amigos estavam brincando, sorrindo. Quando foi mais tarde, mais ou menos 05:00 horas todo mundo bêbado, teve uma discussão(bate-boca) de Adilsom com um tal de Dado, ele era de Ceará – Mirim, fui me intrometer na confusão e então  esse tal de Dado pegou uma faca e enfiou em meu peito, a dor foi muito grande, não resisti e morri com 29 anos.
A minha família soube através dos meus amigos que ligaram para lá, minha família estava abalada com a notícia que tinha acabado de receber. No enterro todo mundo chorando, minha esposa até desmaiou. Depois de alguns dias denunciaram esse tal de Dado, a polícia que procurou por ele. Acharam-no, prenderam-no, mas depois de dois meses ele foi solto.
E até hoje minha família lembra-se disso.   

Paula Olivia. Memórias literárias: aconteceu com meu avô. 2010.

Historia de José Silvestre Reis, vulgo “Dedé Reis”, que aconteceu no ano de 1984 em Pureza/RN.
Há alguns anos o Estádio de Futebol de Pureza foi batizado pelo nome de “Reizão”, em homenagem a José Silvestre Reis.


Do jeito que viemos ao mundo
             Tenho muitas lembranças do tempo só das mulheres, no olheiro.
            Porque tomavamos banho nuas. Ficavamos um pouco envergonhada, mas logo passava e nos divertíamos muito. Tinha muitas árvores e pedras. A correnteza das águas eram fortes. Tudo era feito só da natureza.
             Pulei muito das pedras e dos galhos das árvores, toda despida (nua).
             Os homens respeitavam o tempo das mulheres e aguardavam que elas saíssem, pois cada um tinha a sua vez. Logo se sabia quando tinha mulher no banho, porque nós cantavamos e conversavamos alto.
             Eles perguntavam:
             - Tem mulher!? Sai logo!?
             Nós respondíamos:
             - Sai já!
             E as mulheres saíam, porque era chegada a hora deles.
             Foi muito marcante tomar banho despida e também carregar água no cabaço ou no pote.
Caio Henrique. Memórias literárias: cada um a seu tempo. 2010.
             História contada por Isabel Aquino dos Santos, que hoje está com 88 anos. Reside na Rua 31 de março, em Pureza/RN. Esse fato marcante aconteceu em Pureza, na fonte de águas cristalinas, mais conhecida como "olheiro". Nessa época Isabel tinha aproximadamente 15 anos de idade.




O milagre da minha vida


            No meu quarto já não durmo mais. Eu bebo tanto que já estou vendo assombração, eu vejo um negrinho pulando pelo chão.
            Eu não aguentava mais ver tanta assombração até que essa noite vi no teto uma luz e era “o Padre Cícero”, pedindo que eu deixasse de beber.
            Quase não dormi! Fiquei pensando no que o padre falou, depois de muito tempo consegui dormir.
            Acordei-me e fui contar para a minha família que não ia beber mais.
            Eles quase não acreditaram, mas era verdade.
            Espero que de hoje em diante eu não beba mais, e sei que o Padre Cícero vai me ajudar.
Ana Karolina. Memórias literárias: coisas de seu Gordão. 2010.
            Hoje seu Gordão (Raimundo Câmara de Oliveira) é devoto de Padre Cícero, e todos os anos manda celebrar uma missa em sua homenagem. Atualmente está com 65 anos e é o comerciante mais afamado da cidade de Pureza – RN. O mesmo reside na Rua Joel Cristino, desta mesma cidade.

Minha vida de “Parteira”

            Eu sou uma parteira muito conhecida na cidade e muito requisitada, devido aqui no lugar não haver maternidade.
            Um dia fui fazer um parto de uma mulher que estava aos sete meses de gravidez. Eu fiquei muito preocupada, pois nunca tinha feito deste tipo. Quando eu estava pronta para iniciar o parto a mulher teve uma hemorragia muito forte, então corri e chamei a ambulância, para que nos levasse ao hospital, que ficava na cidade mais próxima. Chegando lá, os médicos conseguiram salvá-la, mas o bebê não teve a mesma sorte e faleceu.
            Fiquei muito decepcionada com o meu trabalho, me senti culpada por tudo que aconteceu. Desesperei-me muito.
            Depois fui me desculpar com a família, eles, porém, me disseram que a culpa não foi minha, e isso muito me tranqüilizou. Fiquei mais leve, como se tivesse tirado um peso de minhas costas.
            Graças a Deus isso nunca mais aconteceu comigo. Continuo fazendo partos e só vou deixar de fazê-lo quando estiver velha e sem condições de trabalhar com isso, pois ajudar a colocar vida na Terra, é uma graça que recebi de Deus.
Rebeca Maria. Memórias Literárias: tempos de parteira. 2010.
            Atualmente, D. Maria Parteira está idosa e não exerce mais a função de parteira.
            Em 1999, ela teve um câncer de mama e chegou a ficar careca pelos efeitos da medicação da quimioterapia.
            A mesma é avó de quatro netos e tem três filhos. Nasceu e reside até hoje em Pureza, na Rua São João, é casada, evangélica, está aos 70 anos e seu verdadeiro nome é Maria Bezerra da Silva.
            “Hoje as coisas é muito diferente de antes. Agora temos maternidade e não corremos perigo de perder os nossos filhos”. (palavras de D. Maria).


Uma mulher guerreira

         Sou uma pessoa humilde, tenho muito carinho com as crianças, principalmente. Tenho muita alegria quando perdoou quem me ofendeu, não importa como fui ofendida.
         Tenho muito o que falar durante toda a minha trajetória, mais um ponto fundamental que me trouxe grande alegria, foi quando eu terminei minha faculdade em pedagogia aos meus 56 anos
         E um momento mais inesquecível da minha vida foi à partida eterna da minha querida filha para a missão celestial.
         Vou resumir este relato nestes dois pontos muito importante da minha vida, em outra ocasião eu falarei um pouquinho da minha vida profissional.

Ana Larysa.registros de D. Maria do Carmo. 2010

Historia de: Maria do Carmo, que tem 60 anos, 9 filhos e 11 netos. Uma senhora de fé que está sempre pronta para ajudar seu próximo. Atualmente é “ministra da eucaristia” e presta serviços às obras assistenciais católicas na paróquia Nossa Senhora da Pureza da cidade de Pureza - RN.